Como um servidor de Cardsharing em Portugal pode servir clientes no Brasil - 19/10/2015
Por conta da operação Fake Sat que uniu as polícias de Brasil e Portugal para desmontar um esquema de cardsharing entre Brasil e Portugal e venda de receptores piratas aqui no Brasil, recebi há alguns dias uma pergunta que já gostaria de ter respondido mas não tinha encontrado ainda um tempo para registrar esta resposta .
A pergunta basicamente é como um servidor de Cardsharing em Portugal pode servir clientes no Brasil.
O mais interessante é que não é a primeira vez que publicamos uma ação de cardsharing deste tipo, nos últimos tempos da Azbox na América Latina foi divulgado que ela mantinha um servidor de IKS no Canadá para servir aos seus clientes aqui no Brasil.
O IKS é basicamente um cardsharing de graça.
A estranheza de quem escuta uma história deste tipo e sabe mais ou menos como o sistema de captura das chaves de criptografia das operadoras de tv por assinatura funciona, é como é possível que lá em Portugal se consiga captar o sinal do satélite aqui do Brasil que se está querendo quebrar a criptografia.
Como é possível pegar o sinal do satélite StarOne C2/C4 lá em Portugal, já que ele está tão distante de lá, bem em cima do lado norte do estado do Amazonas.
Pois é, não é possível, não é possível captar o satélite StarOne C2/C4 em Portugal, mas mesmo assim é possível criar um servidor de cardsharing lá em Portugal capaz de partilhar as chaves de abertura dos canais do satélite StarOne C2/C4 para os brasileiros.
Vamos ao segredo:
No software usado para montar os servidores de cardsharing, desde os tempos mais remotos do sistema, é possível que um servidor de cardsharing envie chaves de criptografia abertas por ele para um outro servidor de cardsharing que não tenha como captar diretamente o sinal daquela operadora que se está pirateando.
Desta maneira, por exemplo, se no Brasil uma pessoa montasse um servidor de cardsharing para quebrar as chaves somente do satélite StarOne C2 e outra montasse um servidor de cardsharing para quebrar apenas as chaves do satélite Amazonas, elas poderiam fazer uma parceria e interligar as chaves capturadas entre um e outro servidor, e assim ambos os servidores poderiam oferecer aos seus clientes tanto as chaves do C2 quanto as chaves do Amazonas, e os usuários dos servidores nem saberiam que estava havendo esta parceria entre eles.
E como tudo o que feito via internet, tanto faz se os servidores parceiros estiverem no mesmo país ou do outro lado do mundo.
No caso atual, do servidor fechado pela operação Fake Sat, conforme publicamos, a intenção dos donos do servidor era de serem discretos além de terem ido por uma estratégia que é bastante usada por este tipo de empreendimento, que é achar que montando um servidor de cardsharing em um país para ser usado por pessoas de outro país tornaria mais difícil serem pegos pela justiça do país onde se está causando efetivamente o dano.
A parte discreta da operação era montar um servidor aqui no Brasil que serviria apenas para capturar as chaves do satélite que se estava pirateando, na linguagem da pirataria de tv por assinatura este tipo de servidor se chama servidor de chaves.
Este servidor de chaves então enviava estas chaves para um servidor de cardsharing em Portugal que tinha como única função servir a clientes de cardsharing aqui no Brasil, sem a necessidade de captar diretamete o sinal do satélite e quebrar a criptografia dos canais.
Funcionando da mesma maneira estão ainda centenas de servidores de cardsharing e IKS na América Latina e ao redor do mundo.
Graças às facilidades da internet.